ADEUS MEU AMIGO PAULO MAGOGA

Como é incrível e cheia de contrastes e nuances nossa passagem pela vida.

Um dia estamos cá a comemorar o nascimento de um neto, noutro já o aniversário de um ano do mesmo.

Logo a seguir mais uma data e de repente... a notícia que não queríamos ouvir. Sabíamos que essa notícia viria, mais cedo ou mais tarde, mas ouví- la é que era difícil. E com foi!

Isso já ouvi muitas vezes durante minha vida, mas as que mais me tocaram , pelo sentimento que envolviam, foram primeiro do meu pai em 98, depois o Adílio, meu ex marido mas meu esteio, meu amigão e pai dos meus filhos, em 2006 e agora alguém que acarinhei no meu peito e havia escolhido como substituto desses dois homens tão importantes para mim que já haviam partido.

Nunca disse para ninguém que o Paulo representava para mim a figura de um pai, um amigo, um protetor. Mas no meu íntimo ele veio para preencher essa carencia minha pela figura masculina que havia perdido.

Não falava nada sobre isso para não parecer piegas e sofrer todo tipo de gozações da família. A maioria dos membros de minha família são jovens, ainda não tem a vivencia para dimensionar esse sentimento que avassala nosso ser quando os anos se somam. Somente quem já viveu muito, experimentou muito, amou muito e sofreu a cota necessária e suportável de todo ser humano sabe entender isso que eu sentia a respeito do Paulo.

Nos meus sonhos e devaneios a respeito do futuro eu me via sentada junto com ele nas reuniões familiares a tomar chimarrão e dar muitas risadas. O olhar alegre e carinhoso que ele dispensava a cada pessoa que dele se acercava era algo sublime. Não tinha como não se encantar e se entregar aquele ser humano de uma bondade ímpar. Eu me entreguei e me rendi ao seu encanto. Foi ele que escolhi para suprir a falta do meu pai e do pai dos meus filhos.

Até conhece-lo ainda não havia encontrado alguém que reunisse tudo aquilo que me faria voltar a sentir aqueles mesmos sentimentos que todos sentimos pela figura masculina que cada pessoa tem como referencia masculina na família.

O nosso convívio não foi longo, não foi intenso, não foi diário ou semanal. Encontravamo-nos nas datas festivas e comemorativas, ja que moravamos em cidades distantes, mas tivemos um veraneio inesquecível em Canasvieiras que ficará na minha memória para sempre. Foi nesse verão que tive certeza que, independente do Lipi e da Paty permanecerem juntos para sempre, eu teria nele um amigo, um pai, um irmão, um ser especial no meu coração, para sempre.

Hoje, ao receber a notícia de sua partida, a tristesa tomou conta de mim, mas a paz também veio junto. Veio junto  a paz por saber que ele está partindo para o seu melhor. A situação em que ele se encontrava era por demais doída e sem esperanças de um desfecho feliz. Então eu soube que, agora sim, ele está em paz.

Vou sentir muito tua falta querido Paulo e sentir mais ainda o quão pouco estivemos juntos. O que me consola e acalenta é que esse pouco foi um tão muito que vai me acompanhar pelo resto da vida como me acompanham os muitos do meu pai e do Adílio.

E tenho certeza que um dia vamos voltar a dar risadas e tomar chimarrão juntos, onde terei oportunidade de te apresentar os outros dois homens da minha vida.  Embora creio, que vais conhece-los agora.

Fique em Paz Paulo. Nós te amamos.